CRÔNICA DA SEMANA de Carlito Lima “MULHERENTA”

UMA HOMENAGEM À MULHER MADURA.

Carlito Lima – Escritor

MULHERENTA

Um homem de sessenta anos enviuvou. Acostumado com a companhia e carinhos femininos, ele não aguentou por muito tempo a solidão da viuvez. Certo dia apareceu uma mulher de vinte e poucos anos, bela e separada; amiga da família. Ele ficou interessado na jovem. Não aconteceu paquera ou noivado, o viúvo simplesmente, em uma ocasião inimaginável, no enterro de um amigo comum, conversando amenidades com essa jovem, fez uma inesperada proposta de casamento. Ela ficou atônita não sabia o que responder, jamais passou por sua cabeça um casamento e sequer caso com aquele coroa bonito, amigo da família. Pediu um tempo, reuniu-se com os pais e resolveu aceitar a proposta. O tempo passou, eram felizes. A jovem não reclamava dos afagos, da competência, da constância do companheiro, apesar da diferença de idade, foram vivendo como qualquer casal normal. Até que um dia; sempre tem um dia… Ela o pegou em flagrante com uma mulher mais velha, madura.

Em casa, durante a conversa de separação, a jovem fez a inevitável pergunta: “- O que ela tem que eu não tenho?” O coroa, com a sabedoria dos mais vividos, acariciando suas faces respondeu: “- Experiência, estrada de vida, ela sabe fazer como eu gosto. Não preciso ensinar”.

Deus quando elaborou o projeto da raça humana, colocou nesse mundo a mulher como a criatura mais semelhante à sua imagem. E uma mulher depois dos quarenta é o estágio do ser humano mais avançado, perto do sublime, do divino. Nessa fase da vida a mulher acumula sabedoria, experiência, sensibilidade e aguça a sensualidade.

Ela está prontinha, apetitosa que nem uma manga rosa dourada madura, dessas que dá vontade de abocanhar. A manga rosa ainda se dá o trabalho de descascar, enquanto a mulher madura já está no ponto, pronta, nem precisa descascar.

A jovem de vinte anos lê o Kama-Sutra, a veterana pratica. Nada contra as jovens, são os encantos dos olhos, das fantasias, indução ao desejo. No assunto mulher, tanto Nabokov como Balzac, têm razão.

O mundo moderno não é privilégio dos jovens. A nova geração de mulheres maduras, saudáveis, conservadas nas academias e nos bisturis, estão em todos os lugares: nos lares, nos bares, nos mares; encarando a vida bonita, trabalhando, dançando, sorrindo, amando. As veteranas não se entregam, querem viver, querem participar ativamente da evolução humana. São apreciadoras dos encantos e magias da vida, que é bonita, é bonita e é bonita, como dizia o Gonzaguinha. A mulherada muito contribui com o estágio moderno do gênero humano, tornando a vida mais justa, mais amorosa.

A maior revolução da humanidade não foi a Queda da Bastilha, nem a Russa, foi a revolução sexual e social das mulheres no século passado, impondo seus merecidos lugares dentro desse mundo historicamente machista.

Venceram todos os preconceitos e intolerância. No dia em que as mulheres tiverem mais poder, mais comando, mais liderança; quando tiverem as rédeas do mundo, o gênero humano será mais digno, mais honesto, menos hipócrita.

Nos países onde existe opressão institucionalizada contra as mulheres, onde reina o machismo exacerbado, campeia a violência. São países com constantes guerras e revoluções armadas.

Devemos uma homenagem à geração dessas mulheres maduras e corajosas, que fizeram a revolução feminina no final dos anos 60 purificando a humanidade. O mundo não foi mais o mesmo, graças à coragem dessas mulheres belas, cheias de charme, que estão aí em sua plenitude.

Além disso, a mulher madura conserva o instinto maternal. E a mulher que é mulher, não basta ser boa na cama, faz o papel de companheira, namorada, amante, até de mãe. Freud explica isso em 60 volumes. E viva a mulher de quarenta, cinquenta, sessenta, setenta e tantos anos. Viva a mulherenta!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

8 − 7 =