A CRÔNICA DA SEMANA de Jorge Luiz Soares Melo

CAPELA, CIDADE DOS MEUS ENCANTOS

 

 Jorge Luiz Soares Melo é médico e membro da AAL.

 

Caros leitores, durante essa terrível pandemia, recolhido em meu apartamento, comecei a pensar na minha infância e na minha juventude e resolvi escrever uma parte da minha história que se passou tão rápido como se fosse ontem.

Meu saudoso pai, Luiz de França Melo, amava sua cidade e com ele vivi momentos inesquecíveis nesse pedacinho do estado de Alagoas, que passei a amar também. Ele me confidenciou fatos marcantes que relato para vocês e também as curiosas pesquisas que fiz.

Dizia meu pai, que teve a honra de ser secretário geral da prefeitura de sua cidade, quando o prefeito era, Dr. Eustáquio Gomes de Mello, chefe político da região, seu grande amigo, que foi prefeito de Capela e da capital do estado, Maceió. Que ali nasceu, Luiz de Souza Cavalcante, general do exército brasileiro, que chegou a ser governador e senador por Alagoas, em várias legislaturas. Que ali era a terra de Geraldo Mello que foi governador de Alagoas, do juiz de direito da cidade, Dr. Horácio Gomes de Mello, do desembargador Xisto Gomes de Mello, do plantador de cana, Porfirio Soriano, do agropecuarista, Eustáquio Moreira e dos brilhantes escritores, o renomado advogado José Moura Rocha e o competente professor e membro efetivo do glorioso Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Lincoln Cavalcante. Todos eles partiram para a glória de Deus.

A história que descrevo é de uma hospitaleira cidade que nasceu com uma capela construída em homenagem a Nossa Senhora da Conceição no século XIX, e logo foi denominada com o nome da referida capela. Logo em seguida, passou a se chamar Paraíba, porque é banhada por um rio com esse nome. Em 1943, passou a se chamar Conceição do Paraíba. Só em 1949, voltou a se denominar Capela, nome que perdura até os dias de hoje.

A bela cidade de Capela, possui uma área de 205 km quadrados e está distante da capital, Maceió, a 66 Km, possui uma população de mais de vinte mil habitantes. Seu povo é acolhedor e hospitaleiro, devotos de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade.

E foi especificamente na fazenda denominada de Búzios, de propriedade da família, que passei minhas férias e finais de semana, andando a cavalo, jogando futebol nos campos de várzea, tomando banho nos riachos e indo a feira aos sábados. Sem falar nos bailes no clube Capelense e nas sessões de filmes no cinema cujo nome, Ceci,   hoje não existe mais. Aos domingos, assistia a missa na matriz, depois me deslocava para as sorveterias do sr. Paulo ou do sr. Euclides para saborear o delicioso sorvete de maçã e coco e como sou fanático por futebol, me deslocava ao estádio Manoel Moreira, torcer pelo Centro Sportivo Capelense, CSC, o alvirrubro dos canaviais, clube presidido pelo inesquecível padrinho batismal, Horácio Gomes de Mello, outro fiel amigo de meu saudoso pai, que era o representante do clube na Federação Alagoana de Desportos, na capital do estado. Esse clube foi Campeão Alagoano de Futebol profissional por três oportunidades, nos anos de 1959, 1962 e 1989, sendo esse último de forma invicta. Foi o primeiro clube do interior de Alagoas a ganhar um título estadual.

A economia da cidade tem seu ponto alto, na agricultura canavieira e na crescente criação de gado. Quantas vezes, em companhia de meu saudoso e amado pai, visitei a Usina João de Deus, de propriedade do saudoso e querido Coronel José Otávio Moreira, que também era proprietário da Usina Terra Nova, localizada na cidade do Pilar, onde tive o privilégio de realizar o estágio de conclusão do curso de graduação em Tecnologia Industrial do Açúcar de Cana pela UFAL, um homem que estava além do seu tempo, um competente  industrial, que ajudou a construir o progresso dessa cidade canavieira e do estado de Alagoas.   Essa Usina de Açúcar, conforme dados de pesquisa, em sua última safra, 2005-20006, chegou a atingir a marca de 280.000 toneladas de cana para produzir 500.000 sacas de açúcar. Hoje, lamentavelmente, fica nas lembranças de um passado que não volta mais.

Jamais vou esquecer das festas da padroeira, Nossa Senhora da Conceição, celebradas em 08 de dezembro e de São Sebastião em 20 de janeiro, que lotavam as ruas da cidade, de fiéis católicos, que em procissão, veneravam os santos, sempre acompanhados pelo saudoso e inesquecível padre Tertuliano, conhecido como: padre Terto, um dos grandes pastores da igreja católica local.

O querido povo Capelense é amante do folclore, um conjunto de costumes, lendas, manifestações artísticas e religiosas, que eles preservam com muita alegria. O pastoril nas épocas natalinas são sempre o ponto alto das festividades. Sempre presente, gostava de chamar a mestra do cordão encarnado em cena e colocar dinheiro em seu peito.

Não sai de minha mente, as famosas cavalhadas que tinha sempre a presença do saudoso Gilberto, casado com a minha prima Ivete, filha dos saudosos tios Lourival e Lucila, que sempre foi ovacionado ao final de cada corrida. Lembro também dos lanches deliciosos no caldinho de galinha e feijão de propriedade do Sr. Nilton Bastos, que se tornou ponto turístico na cidade, todos que viajam para cidades vizinhas, fazem parada obrigatória.

Essa cidade canavieira, ao longo dos anos, vem produzindo muitos talentos que se destacam em várias profissões, entre eles, os brilhantes jornalistas e competentes homens do rádio, setoristas da mais alta qualidade, Edmilson Teixeira dos Santos e Warner Oliveira, que divulgam Capela,  cidade dos meus encantos.

 

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