A CRÔNICA DA SEMANA de Jorge Luiz Soares Melo
A FAMOSA SOFIA, FOI MEU PAI QUE ME DISSE.
Jorge Luiz Soares Melo é médico e escritor.
Meus caros leitores, sempre fui um amante do esporte, e mais precisamente do futebol.
Hoje, vou me deter num fato considerado folclórico para o futebol alagoano.
Meu saudoso e amado pai, Luiz de França Melo, era um torcedor fanático do Centro Sportivo Alagoano , CSA, mas, nem por isso, interferiu em minha escolha, desde os seis anos de idade, sou um apaixonado e torço pelo Clube de Regatas Brasil, o conhecido C.R.B, o vermelho e branco das Alagoas.
Certa vez, em uma de nossas conversas entre pai e filho, ele me falou de um jogo histórico para os torcedores regatianos.
Disse ele, que a partida foi disputada no dia 10 de outubro de 1939, que até os dias de hoje é comentada nos bastidores do futebol.
Nesse jogo, aconteceu a maior goleada imposta pelo Galo de Campina ao C.S.A, o azul e branco de Alagoas, 6 x 0, foi o placar, e nenhum alvirrubro que se preze, pode deixar de conhecer detalhes desse jogo folclórico, que passo a relatar.
A partida foi disputada no saudoso estádio da Pajuçara. O juiz desse jogo foi Artur Reis, que havia sido, ex. jogado do CSA .
Papai dizia, que conversando com seu amigo, o saudoso, Claúdio Régis, autor de um dos gols dessa massacrante goleada, que o jogo nem chegou a terminar, faltando dez minutos para a partida acabar, os azulinos abandonaram o gramado para evitar um vexame maior. Régis afirmara ainda, que o árbitro não interferiu na partida e que o Galo massacrou o C.S.A, por que foi melhor dentro de campo”. Provamos isso com a conquista, nesse mesmo ano, o Regatas conquistou o tri campeonato”, disse o atacante regatiano, a meu velho pai.
Papai, era leitor do Jornal de Alagoas, na reportagem sobre o futebol, em 1939, estampava: “ O C.R.B estava em um dia inspirado e pressionou o C.S.A, desde os primeiros minutos. Depois de algumas tentativas frustradas, Duda abriu o placar para o Galo aos 30 minutos e ampliou aos 32 minutos. A primeira etapa terminou 2 X 0 para o Regatas. No segundo tempo, o C.R.B continuou melhor no jogo e ampliou o placar através de Régis. Com mais dois gols de Arlindo e, um de Ramalho o time fechou o massacre.
Segundo meu saudoso papai, esse jogo, é considerado folclórico, e o apelido do jogo surgiu de uma grande brincadeira. Reza a lenda, que o centro avante do C.R.B, Arlindo, criava uma cabra no campo da Pajuçara e tinha muito carinho pelo animal. O jogador costumava cantar uma música que falava dos “25 animais do jogo do bicho”, e, depois, da contundente goleada, teve uma inspiração: quando chegava na parte da modinha que mencionava o número seis (cabra), ele parava, dava uma gargalhada e fazia uma alusão a goleada de 6 x 0 e a sua cabra, que se tornou famosa, a chamava Sofia.
Segundo, pesquisas, a matéria no Jornal de Alagoas de 1939, versava: “ O Centro Sportivo Alagoano, clube de grandes tradições nos esportes da cidade, sofreu na tarde de anteontem uma espetacular derrota, a maior, até hoje registrada em sua história. Essa alta e significativa contagem foi marcada pela forte e homogênea esquadra do Clube de Regatas Brasil, que já pode ser considerada como detentora pela terceira vez do título de campeã de Maceió”, finalizava a matéria do Jornal de Alagoas na época.
Desculpas é que não faltam, os azulinos dizem que o árbitro não foi justo e que o resultado foi anormal para um clássico. Mas, o fato aconteceu, e ficou para a história.
Esse foi o placar mais elástico da história dos clássicos alagoanos no futebol. Os regatianos, como eu, jamais esquecerão dessa história verídica, pelo prazer de ter goleado o rival, e os azulinos, duvido que esqueçam do estrago que esse resultado do jogo causou e ainda causa até os dias de hoje.
E assim, contei a história da famosa Sofia, foi papai que me disse.