A CRÔNICA DA SEMANA de Jorge Luiz Soares Melo

GASTRITE, A DOENÇA DO MUNDO MODERNO

Jorge Luiz Soares Melo é médico e escritor.

Meus caríssimos leitores, hoje vou me deter um pouco em uma das doenças do aparelho digestivo, que faz parte do meu dia a dia como médico, e são sintomas comuns referidos por pacientes, tais como:  azia e dores no estômago, que muitas vezes são às gastrites.

Metade da população mundial tem gastrite, uma inflamação que lesa a camada superficial da mucosa gástrica.

Muitos pacientes, tem a doença, e não sabem, pois muitas vezes essa patologia não apresenta sintomas.

No mundo moderno em que vivemos, quase não almoçamos e nem jantamos em casa, a alimentação fora do horário habitual e nos restaurantes, contém um tempero mais apurado e sempre adicionado a um refrigerante e a um cafezinho, ingeridos às pressas, fazem com que, comecem a aparecer sintomas, tais como: “ sensação de um fogo no estômago”, dor intensa na região epigástrica, empachamento, na maioria, referidos pelo aflito paciente que nos procura.

Vamos recordar um pouco a trajetória que o alimento percorre pelo aparelho digestivo.

O portão de embarque é a boca. Nessa cavidade oral, os alimentos ingeridos são triturados pelos dentes e misturados à saliva. As secreções salivares lubrificam o conteúdo alimentar e ainda liberam enzimas, uma espécie de fermento que quebra as moléculas de amido provenientes de cereais, tornando-as açúcares simples, mais fáceis de serem absorvidos. Depois, segue para o estômago, através de um túnel, no formato de tubo, que mede cerca de vinte e cinco centímetros que se denomina esôfago.

Ao chegar no estômago, denominado de: “ a batedeira de nosso corpo”, órgão esse, que tem a forma de uma bolsa, esse alimento é moído e se mistura com o suco gástrico. Duas secreções são essenciais nessa fase digestiva: o ácido clorídrico que degrada o conteúdo em partículas menores, e a pepsina, que transforma as moléculas de proteínas em aminoácidos.

Quando há modificações nesse processo, causados pela má alimentação, aliados ao stress, a ansiedade, aumenta a secreção de ácidos e pepsina, o que pode causar dores no estômago, vontade de vomitar, empachamento e azia.

Vale lembrar aos leitores, que muitos dos pacientes que me procuram no consultório, apresentando esses sintomas, referem beber e fumar, que, em excesso, acabam com o estômago.

As bebidas alcoólicas agridem a mucosa do estômago, causando muitas vezes uma lesão aguda.  Já o fumo reduz a secreção de substâncias protetoras da mucosa gástrica.

Além de tudo mencionado acima, existe uma bactéria denominada de: ” Helicobacter Pylori”, que é o principal agente causador das inflamações do estômago. Esse bacilo, consegue nadar no suco gástrico, penetrar rapidamente na camada de muco que reveste o estômago para atingir sua localização predileta e única, a superfície das células epiteliais.

De fato, as pesquisas realizadas, mostram que essa bactéria causa úlceras duodenais e úlceras gástricas. O restante das úlceras pépticas, são provocadas pela aspirina e outros antiinflamatórios não esteroides.

Todos os leitores já sabem, mas, convém repetir que uma dieta saudável incluindo verduras, legumes e frutas. Ricas em fibras, essas substâncias naturais facilitam a digestão.

A medicina atual não afirma que o alimento em si provoca inflamações na mucosa gástrica. Mas, alerta contra os hábitos alimentares inadequados.

Ao encerrar esse artigo, aconselho os leitores, que a pressa é inimiga da boa digestão. Portanto, façam três refeições ao dia, em ambiente tranquilo e acolhedor, não exagerem e mastiguem bem os alimentos, sem preguiça. Fazendo isso, vocês estarão se prevenindo de uma gastrite, a doença do mundo moderno.

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