A CRÔNICA DA SEMANA de Jorge Luiz Soares Melo
A ACOLHEDORA SÃO MIGUEL DOS CAMPOS, CIDADE HERÁLDICA DAS ALAGOAS.
Jorge Luiz Soares Melo é Médico e Membro Efetivo da Academia Alagoana de Letras.
Meus caríssimos leitores, hoje, vou escrever um pouco sobre a bela cidade de São Miguel dos Campos, terra que acolheu meus avós, conhecida como a “Cidade Heráldica das Alagoas”, expressão essa, dita pelo historiador Romeu de Avelar, devido ao grande número de famílias portadoras de títulos nobiliárquicos que ali nasciam.
Meu saudoso avô, José Luís Soares Neto, mais conhecido na região como Netinho, era descendente de portugueses e na fazenda retiro de Santa Maria localizada a 30 km da cidade, juntamente com minha saudosa e querida avó, Adalgisa Leite Soares( Nazinha), criou seus filhos: José Luiz Soares ( padre), Maria de Lourdes Soares Melo( minha amada mamãe), João Eudes Leite Soares(bacharel em direito e agricultor), Milton Leite Soares( Engenheiro Civil e agricultor), Eduardo Leite Soares (agricultor), Maria Amélia Leite Soares(irmã sacramentina), Maria Naíde Leite Soares Maux Lessa( funcionária pública) e Maria Eurídice Leite Soares(funcionária da Assembleia Legislativa).
Na fazenda retiro de Santa Maria, o cultivo da cana de açúcar, da mandioca e a criação de gado eram a preferência de meu saudoso avô, e após sua morte pelos tios João Eudes, Milton e Eduardo. Nos dias de hoje, o meu querido primo, José Luiz Soares, diversificou a colheita para o cultivo da laranja, do mamão, da banana, de várias outras frutas, além da cana de açúcar. São Miguel dos Campos, é a terra das Usinas de Açúcar que empregam milhares de alagoanos.
A casa grande da fazenda era palco de reuniões e festas da família e minha saudosa e amada mamãe, Lourdes Soares, me confidenciou que a união entre os irmãos, era a tônica do dia a dia, eram muito unidos e o amor prevalecia em todos os atos ali praticados. O respeito as diferenças, sempre existiu. O respeito aos valores eram ensinamentos de seus amados pais Netinho e Nazinha.
Na fazenda retiro de Santa Maria, meu avô netinho construiu uma igreja católica, logo que meu tio José Luís Soares se ordenou padre e naquele local eram batizados e crismados todos os moradores da fazenda e de localidades mais próximas. O toque do sino pelo colaborador Cícero Cândido, chamava para a celebração da Santa Missa e a comunhão dos moradores se tornaram rotina diária.
Nas festas da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Ó, nas festas juninas e nas festas natalinas, tio padre, que depois chegou a receber o título de Monsenhor, pela igreja católica, reunia a família na fazenda e uma grande programação por ele planejada, festejava com muita fé aquela Santa milagrosa, o nascimento do menino Deus e celebravam com muita alegria as festas de São João, São Pedro e Santo Antônio. Lembro-me que a convite dele, uma grande variedade de folguedos se apresentavam, entre eles: a chegança, o guerreiro, o pastoril, o Reisado, a Baiana a Taeira, a embolada e Zabumba, que faziam delirar de alegria os moradores da fazenda e de lugares mais próximos. O querido tio Milton Leite Soares construiu o ambulatório de clínica médica, “Dr. Machado”, para atender os moradores e me convidou para ser o primeiro médico. Tio João Eudes criou uma escola, onde os moradores eram alfabetizados. Não posso esquecer do barracão, onde eram comercializados alimentos e produtos artesanais. São Miguel dos Campos, terra do artesanato, onde jarros, moringas e
figuras são feitas de barro, e a palha do Ouricuri é usada em grande parte do artesanato local. A herança negra nos tempos dos seus engenhos, mexem com a culinária do local. Sempre que íamos a casa das saudosas tias Nair e Clarisse, saboreávamos os gostosos: pé de porco, mocotó, a feijoada e o sarapatel. Uma bela cidade, onde a cultura é ativamente vivida, através da sua briosa Academia Miguelense de Letras. São Miguel dos Campos, cidade de prédios históricos, a igreja matriz, a casa da cultura, a casa do Barão de Jequiá e alguns sobrados típicos de uma época áurea. Terra de tantas e tantas figuras ilustres, citarei algumas: Ana Lins, heroína do ideal libertário, Manoel Duarte Ferreira Ferro, Barão de Jequiá, Rui Soares Palmeira, senador da república, Armando Soares, político, Diney Soares Tôrres, deputado estadual, Júlio Soriano, agricultor, Júlio de Albuquerque, reverendo padre, Milton Leite Soares, engenheiro, Marcelo Bomfim Cavalcante, médico, Elias de Almeida, poeta, Ernande Bezerra de Moura, pesquisador, e de tantos outros, que engrandecem sua história.