A CRÔNICA DA SEMANA de Jorge Luiz Soares Melo

DIA DE FINADOS, UMA TRADIÇÃO HISTÓRICA

Jorge Luiz Soares Melo, é Médico e Escritor. Membro Efetivo da AAL.

A humanidade tem no ano o seu dia mais triste: o dia de finados.

Essa data faz com que os vivos em todo o mundo possam lembrar-se de seus mortos e orar por eles.

Nesse artigo, faço uma retrospectiva dessa data através da história, de como começou, quando começou a peregrinação aos cemitérios, onde o tempo e eternidade, luto e saudade estão presentes.

O dia de finados é comemorado em todo o mundo desde a idade média. Observam-se vários tipos de sepultamentos, tais como: a cremação, a mumificação, o enterro em covas e em urnas de cerâmica ou de pedra, bem como a deposição do corpo dos mortos em mausoléus.

Grandes monumentos como as pirâmides de Gizé e o Tay Mahal, foram erguidos para acomodar os restos mortais de pessoas ilustres.

Nos cemitérios da nossa capital, Maceió, foram edificados vários mausoléus, onde famílias tradicionais colocam os corpos de seus entes queridos.

Esse dia, tornou-se popular pela tradição da igreja católica e foi instituído no período da idade média. Um dia, onde filhos choram por seus amados pais, pais choram por seus amados filhos, à tristeza que toma conta do corpo, tristeza essa, que reveste a alma.

Segundo os historiadores, no século X, em 02 de novembro de 998, na abadia beneditina de Cluny na França, através do abade Odilo de Cluny, (962 -1049), chamado de santo pelos católicos, foi instituído o dia dos mortos e sugerido por ele, que os membros de sua abadia dedicassem orações à alma daqueles que partiam para a eternidade.

Os historiadores asseveram que a ação de Odilo, resgatava um dos elementos principais da cosmovisão católica, a perspectiva de que boa parte das almas está no purgatório passando por um processo de purificação para que possam ascender ao paraíso. No estado de purgação as almas necessitam, segundo a doutrina católica, de orações dos vivos, pedindo para os falecidos à misericórdia divina e a intercessão da mãe de Deus e do principal mediador, seu amado filho Jesus Cristo.

A igreja, celebra ofícios fúnebres pela alma dos falecidos, une os fiéis num sentimento de sublime piedade cristã.

Estimados leitores, não há quem não tenha um parente ou um amigo na outra margem da vida.

Nos dias atuais, apesar do grande processo de secularização que a civilização sofreu ao longo da modernidade, o dia de finados continua a ser um dia especial, na qual a memória dos que já se foram, nos vem à mente e milhões de pessoas no mundo inteiro vão aos cemitérios levar flores, acender velas e com fé, externar em orações, os sentimentos de amor aos entes queridos.

Essa saudade eterna deixada por parentes queridos, nos faz sentir que somos passageiros sobre este mundo e que um dia estaremos também reduzidos a pó.

Todas as vaidades, todas as pretensões, todas as prepotências, ficam caladas sob uma pedra tumular. Dessa vida, não levamos absolutamente nada, às vezes, nem as vestimentas, somos cobertos por cravos, levamos apenas a consciência do que deixamos.

Nesse dia consagrado aos mortos, fica a certeza que o tempo e a eternidade se veem face a face, consultando os mistérios da vida. A lembrança abraçada ao sofrimento. A esperança do reencontro no dia do juízo final, único consolo, onde cruzes e ramos falam de amor e de tormento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

eighteen − 2 =