A CRÔNICA DA SEMANA de Jorge Luiz Soares Melo

SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES – O AMOR À ARTE DE ESCREVER

  Jorge Luiz Soares Melo é Médico e escritor.

A reunião festiva estava marcada, mas, “o corona vírus”, impediu esse momento de congraçamento, o nosso sodalício completou 43 anos de existência na cultura de nosso estado, não tivemos condições de nos reunir, mas, não podámos esquecer, por isso, caros leitores, resolvi escrever.

A poesia é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada para fins estéticos ou críticos, ela retrata em que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor.

Alguns médicos usam a poesia para muitas vezes, aliviar a dor de seus pacientes, é um momento de magia, onde essa relação médico-paciente comove o coração de ambos e o amor é o ponto alto de tudo. Paracelso dizia: “ O amor é indispensável no relacionamento médico com o seu paciente, sem amor, não nascerá nenhum médico”.

Os ingredientes da história preservam a memória de uma raça, de uma comunidade e de uma agremiação e a memória é o baú da conservação do acervo que alimenta a geografia da história. Nessa agremiação, os escritores escrevem palavras simples, com vida, forma e silhueta.

A Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, regional de Alagoas, completou quarenta e três anos percorrendo um longo caminho, desde 19 de março de 1977, onde não falta dinamismo, entusiasmo e amadurecimento de seus confrades e confreiras. Seu primeiro presidente foi o saudoso e brilhante esculápio da medicina caeté   Dr. Nabuco Lopes.

Esse sodalício é formado por médicos e escritores, apaixonados pela literatura não científica e que se apoiam nessa paixão para produção de artigos, crônicas, poesias, sonetos, poemas, trovas, numa efervescência cultural.

Ao longo desses anos, outros amantes da literatura   juntaram-se a nós e solidificaram nossa trajetória . Dos pioneiros de 1977, continuam em atividade: José  Geraldo Vergetti de Siqueira, Milton Hênio Netto de Gouveia, Roseane Rodrigues de Alencar, e Rostan Silvestre, exemplos de abnegação e amor, à arte de curar e de escrever.

Pesquisando os arquivos implacáveis dessa majestosa agremiação, encontrei várias realizações, tais como: O primeiro concurso literário, de inúmeros realizados, foi datado na súmula do dia 20 de março de 1977, sendo distribuído prêmios com os vencedores.  O primeiro médico alagoano a ocupar uma função na diretoria da Sobrames-nacional, foi o saudoso médico psiquiatra, Gilberto de Macêdo, na condição de vogal. Ele se constituiu no elo de ligação, para o desenvolvimento dessa chama que originou a nossa Sociedade.

Uma marcante realização foi a comemoração do centenário da famosa psiquiatra e brilhante escritora, Nise da Silveira. Na ocasião, foi lançado o livro do saudoso médico escritor, Didimo Otto Kummer, com o título  : “Abecedário de uma libertadora”, que foi apresentado pelo saudoso professor José Medeiros ,o  imperador da cultura, que usando da palavra, fez uma citação da consagrada escritora: “Prefiro ser uma loba faminta, a ser um cão gordo e encoleirado. A palavra que mais gosto é a liberdade. Gosto do som dessa palavra”.

Às reuniões tiveram como locais: Os hotéis Luxor e Beiriz, que hoje não existem mais. A edição do terceiro número da revista da sociedade, teve seu lançamento, quando ela completou dez anos de existência, a edição esgotou.

A homenagem prestada ao primeiro presidente, Nabuco Lopes, foi um marco, na oportunidade, o professor José Medeiros, em seu vibrante discurso de saudação, afirmou: “ Nabuco Lopes era um homem culto, íntegro, viajado, pesquisador, professor, escritor, valorizava as raízes humanísticas e a ética dos desempenhos, era um arquiteto de sonhos e realidades, causava uma forte impressão em todos que o conheceram na tradução do magnetismo de sua personalidade”. A Sobrames-Al  foi a anfitriã do Congresso Brasileiro de Médicos Escritores, realizado no ano de 2006, com sucesso absoluto de público.

A primeira antologia da entidade, foi organizada em 2004, e coordenada pelo presidente na época, professor José Medeiros. A obra teve uma excelente edição e foi composta de poemas, crônicas, contos e ensaios de médicos e escritores alagoanos. No   lançamento da antologia, o presidente da Sobrames-nacional na época, Dr. Luiz Alberto Soares, afirmou: “ O meu estimado colega e amigo José Medeiros, idealizou uma forma de unir para sempre, os seus associados, deixando para a posteridade, em um só livro, um resumo de trabalhos culturais dos consagrados sobramistas  alagoanos.”

O único médico alagoano a ocupar a honrosa presidência da Sobrames-nacional, foi o nosso embaixador da criança, confrade e amigo, pediatra renomado, Milton Hênio Netto de Gouveia.  Em um dos seus inúmeros artigos, escreveu: “ Os médicos gostam de escrever por que compartilham a todo instante, com o sofrimento alheio, aliviando os que se desesperam com dores cruciantes, tentando impedir a queda de vidas”. Em novembro do ano de 2019, instituímos o troféu José Medeiros, que foi entregue como prêmio a vários escritores alagoanos por seus méritos nas letras e na cultura de Alagoas e teve como local a Sociedade de Medicina, local atual de nossos encontros bimestrais.

Após citar tantos fatos marcantes na história dessa agremiação, me sinto honrado em poder colaborar, estando como presidente, na continuidade dos trabalhos aqui desenvolvidos, para que continue viva a chama dessa majestosa casa do saber, para manter acesso o amor à arte de escrever.

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