A CRÔNICA DA SEMANA de Jorge Luiz Soares Melo
MONSENHOR JOSÉ LUIZ SOARES, 21 ANOS DE SAUDADES, UM VOCACIONADO PASTOR
Caríssimos leitores, nesse artigo, vou me deter um pouco sobre a vida do Monsenhor José Luís Soares, um tio querido, que soube em vida, combater o bom combate, sendo considerado um dos grandes nomes que passaram pelo clero em nosso estado de Alagoas.
Desde criança, no casarão dos “Soares”, na rua Comendador Palmeira no bairro do Farol, na cidade de Maceió, passei a admirar e em seguida a amar, o irmão mais velho da família, irmão de minha inesquecível e amada mamãe Lourdes Soares, a irmã mais velha, tio padre, como o chamava, era um homem de caráter, de forte personalidade, que amava seus pais e seus irmãos, Lourdes, João Eudes, Milton, Naíde, Eduardo e Maria Eurídice, era um homem com múltiplas qualidades e múltiplas virtudes.
O Monsenhor José Luís Soares era um sacerdote católico, cuja aspiração pela intelectualidade e espiritualidade, focava sempre, o lar e o Seminário. Sempre adotou em suas ações, a responsabilidade e a sinceridade, foi um homem de fé, que pregou a palavra de Deus por todos os cantos de nossa cidade e de nosso estado.
Era um padre afeito à caridade, desde cedo aclimatou-se no campo, e absorveu o oxigênio puro de São Miguel dos Campos, onde na fazenda retiro de Santa Maria, propriedade de seus pais, realizava um significativo trabalho social com os moradores da região.
Foi em uma igreja católica, construída por seu pai, José Luís Soares Neto, na referida fazenda, onde rezava missas aos sábados e domingos, onde realizava batizados e cursos com as pessoas carentes daquela região.
Monsenhor José Luís Soares era detentor de uma inteligência notável e uma vontade intrêmula, permitindo que a força operasse nestes suportes de santidade. Era um vocacionado pelo sacerdócio, possuía um olhar clínico, diante das situações e os que primaram de sua amizade, conheciam o tamanho da generosidade que marcava suas atitudes. Era um homem de Deus, cuja fé e a caridade sempre estavam presentes em seus atos e ações.
Sua inabalável fé, era uma de suas grandes virtudes. Deixou-se inflamar pela palavra de Deus, cósmica, profética e como centro, o Cristo Rei. Ele observava e sentia com os olhos e com o coração, a espiritualidade do amor.
Sua presença zelosa nas atividades do Seminário Metropolitano em 22 anos como Reitor marcou época como um competente administrador, sendo o construtor do segundo bloco do Seminário Metropolitano de Maceió.
Executor da reforma substancial da igreja Catedral Metropolitana de Maceió, incorporou ao serviço paroquial, dois salões e o consistório da igreja mãe. Fundou nessa igreja, o Museu da Catedral. Passou 25 anos como pároco, só deixando com seu falecimento, ocorrido para nossa tristeza em 16 de novembro de 1999.
Administrar é motivar, tomar decisões, fazer com que as coisas aconteçam por intermédio das pessoas. E nesse aspecto, o Monsenhor José Luís Soares, era uma liderança, um sacerdote de fino trato, sempre atencioso e muito bem humorado, possuía um dinamismo que motivava as pessoas.
Tive a satisfação de participar de várias reuniões coordenadas por ele, cito a do Clube de Jovens da Catedral, tendo como local, o salão Dom Santino e também no salão nobre, onde funcionava no período noturno, uma escola para carentes e servia também para apresentações no palco construído, de festas folclóricas e em especial, a do famoso pastoril da Catedral, coordenado pela saudosa professora de artes, Eudora Acioly Vasconcelos.
O Monsenhor José Luís Soares era um intelectual e um profundo estudioso da ciência histórica, era sócio do glorioso Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, onde ocupou a cadeira número 57, cujo patrono é o imortal, Joaquim Inácio Loureiro. Era um escritor de pena fácil e pincelou com maestria, os traços bibliográficos de seus amigos do clero, os saudosos e inesquecíveis, Monsenhor Antônio Valente e o Padre João de Barros Pinho, na série “figuras pouco lembradas”.
Vinte e um anos se passaram rapidamente, mas, a imagem do Monsenhor José Luís Soares continua viva na minha memória e na memória de milhares de fiéis que não o esquece e sempre faz uma relação entre a imagem dele, a do Seminário e da igreja da Catedral, orgulho dos fiéis do nosso estado.