A CRÔNICA DA SEMANA de Jorge Luiz Soares Melo

FADIGA EM JOVENS E IDOSOS

 Jorge Luiz Soares Melo é Médico e Membro Efetivo da AAL.

A Fadiga é um sintoma bastante prevalente e faz parte das queixas dos pacientes que me procuram na clínica diária.

Muitas vezes, o sintoma é atribuído, ao estresse emocional, mudanças hormonais e demandas educacionais e sociais.

Os pacientes adolescentes sempre reclamam do excesso de conteúdo teórico para estudar e das provas a serem realizadas, os idosos reclamam de falta de apetite, uma insônia constante e da ociosidade que vivem.

Em ambas reclamações relatam cansaço e mal-estar em suas narrativas.

A importância da fadiga entre adolescentes pode estar no absenteísmo escolar, o que demonstra que ela não pode ser subestimada nesse grupo da população.

Em minha atuação como médico ao longo de quase quarenta anos, posso garantir que muitas vezes a fadiga no idoso pode estar associada a doença de base grave, como: câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), hipotireoidismo e artrite reumatoide (AR), não mostra causa identificável em muitos casos clínicos, passando a ser tratado como um conjunto de sinais e sintomas referidos pelo paciente, com o qual o idoso deve tentar conviver.

A Fadiga pode ser classificada em secundária, fisiológica ou crônica.

A Fadiga secundária é aquela causada por alguma condição médica de base, podendo durar um mês ou mais.

A Fadiga fisiológica é causada por um desequilíbrio na rotina de exercícios de sono, na dieta ou em outras atividades. Tal desequilíbrio não é causada por nenhuma condição médica específica, e em geral, os sintomas desaparecem após um período de repouso.

A Fadiga crônica é aquela que acontece por mais de seis meses e não se alivia com nenhum repouso.

Caros leitores, quando um paciente adolescente me procura referindo sintomas de fadiga, primeira atitude que tomo é descartar através da anamnese e de exames, doenças infecciosas e imunológicas. Descartadas, aconselho exercícios e quando necessário uma suplementação nutricional.

No indivíduo idoso referindo sintoma de fadiga e mal-estar, encaro como uma condição médica subjacente. Algumas dessas condições estão comumente associadas ao sintoma, incluem muitas vezes: câncer, esclerose múltipla, AR ,  desordem do sono, lúpus eritematoso sistêmico(LES), síndrome da imunodeficiência adquirida(SIDA), doenças cardíacas e outras.

Apesar de as manifestações e, os mecanismos de fadiga poderem ser distintos entre essas doenças todos compartilham do mesmo processo fisiopatológico.

Tenho realizado com cada paciente com sintomas de fadiga e mal-estar, uma história clínica detalhada sobre duração da fadiga, início súbito ou progressivo, período de recuperação e nível de atividade física do paciente, que me direciona o raciocínio para algum fator causal comum.

Sempre digo para meus alunos de medicina, que a clínica é soberana, e, através de uma história bem escrita, chega-se a uma hipótese diagnóstica. Muitos pacientes com queixas de fadiga não praticam nenhum tipo de exercício   e estão sem condicionamento físico.

Nesses tempos de pandemia, devido ao isolamento social, causado por esse terrível vírus invisível, o COVID 19, tenho observado através de noticiários pela internet que a fadiga vem sendo um sintoma comum entre idosos com depressão maior e que podem estar fortemente associadas a disfunções sociais e de produtividade.

Concluo então, que a depressão pode levar a perda de condicionamento físico e a distúrbios do sono, que, em última análise, podem promover o desenvolvimento de uma fadiga.

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