A CRÔNICA de Jorge Luiz Soares Melo

Jorge Luiz Soares Melo é Médico e Membro da Academia Alagoana de Letras

PARASITOSES: CUIDADO COM O AMARELÃO E COM AS LOMBRIGAS

A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o Brasil entre os países com moderada prevalência de parasitoses, chegando a 49%. No seu primeiro relatório sobre as doenças tropicais negligenciadas, a OMS destaca que isso representa como alta carga de morbidade principalmente na população infantil: prejuízo nutricional com impacto no desenvolvimento, prejuízo cognitivo e indicações cirúrgicas nas obstruções intestinal e biliar e no prolapso retal.

Caros leitores, me deparo quase que diariamente em meu consultório com pacientes que referem palidez, vômitos alimentares, tonturas e cólicas abdominais acompanhadas de alternância entre diarreia e prisão de ventre. Após uma minuciosa anamnese e um exame físico bem feito, solicitando exames laboratoriais, chegamos à conclusão que as parasitoses intestinais são as maiores causadoras.

Dentre esses parasitas vou abordar à ancilostomíase e a ascaridíase, duas parasitoses que incomodam um grande número de pacientes.

A infestação do intestino delgado por ancylostomídeos (Ancylostomo duodenale e necator americanus), principalmente por anemia hipocrômica de caráter progressivo, que  vem a ser, a causa maior da palidez, tonturas e escurecimento de vista, referida pela maioria de pacientes consultados, por esse que vos escreve.

Cada ancylostomídeo, pode sugar do organismo do paciente até 0,67 ml de sangue, o que torna, compreender sua gravidade de explicação quando a infestação é intensa.

Mais conhecido como “Amarelão” é um verme cilíndrico que pode medir entre 0,7 e 1,5 cm de comprimento.  Quando a infestação é intensa, os ancylostomídeos podem existir às dezenas, centenas e até milhares no intestino delgado do paciente, embora não seja possível à auto infestação.

A doença pode ser adquirida através das larvas filariformes existentes no solo e penetram no organismo humano através da pele, migrando pelos vasos venosos ao ventrículo direito, artéria pulmonar até chegar aos pulmões. Da rede capilar dos alvéolos passam para o interior destes e a seguir para os brônquios, traqueia, estômago e intestino delgado, onde se fixam três a cinco dias após a invasão para a pele.  Passados quatro ou cinco semanas alcançam a maturidade sexual e iniciam a postura.

A Ascaridíase, mais conhecida como lombrigas, habitualmente o paciente não refere sintomas, mas pode manifestar-se por dor abdominal, diarreia, náuseas e diminuição do apetite. Quando há grande número de parasitas pode ocorrer quadro de obstrução intestinal. Em virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns pacientes apresentam manifestações pulmonares com broncoespasmo, escarros sanguinolentos e pneumonite caracterizando a síndrome de Loeffer.

O modo de transmissão é a ingestão por parte do ser humano de ovos infectantes do parasita, provenientes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas.

Para se evitar essas parasitoses deve-se ingerir vegetais bem cozidos, lavar bem e desinfetar as verduras cruas, realizar uma higiene pessoal, como: lavar sempre as mãos e higiene na manipulação dos alimentos a serem ingeridos.

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