A CRÔNICA de Jorge Luiz Soares Melo

Jorge Luiz Soares Melo é Médico e Membro efetivo da Academia Alagoana de Letras

A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE NO EXAME CLÍNICO

A Avaliação clínica continua sendo fundamental na prática médica diária, em qualquer lugar do planeta.

A medicina nos oferece um privilégio sem paralelo na existência humana: a chance de aliviar o sofrimento, e de resgatar seres humanos para a vida. É uma sensação arrebatadora.

O conhecimento de anatomia, fisiologia e propedêutica médica, integrado a uma história bem estruturada, e um exame físico bem realizado, ainda são a pedra angular da consulta médica e formam a base para o desenvolvimento de uma estratégia racional de tratamento, dominado pela prática à beira do leito.

A anamnese, conversa inicial com o paciente, permite se chegar a 90% das hipóteses diagnóstica, desde que, sem pressa, essa conversa seja em um clima de cordialidade e respeito, onde essa relação médico-paciente se torna o pilar principal da confiança entre ambos, o que possibilita a se chegar a um diagnóstico rápido e preciso.

Durante minha formação médica, tive o privilégio de conviver com vários esculápios da medicina da minha cidade, médicos docentes, que nos ensinavam a ser médico da pessoa, pois, entendiam que no consultório ou ambulatórios em nosocômios, não eram atendidas pessoas doentes, mas pessoas que se sentiam doentes.

Pude constatar, como médico, atuando em um Centro de Saúde da periferia de minha cidade, que muitos de meus atendimentos eram pessoas sem doença física. Em muitos casos, só uma simples conversa resolvia a doença. Muitos saiam da consulte sem solicitação de exames ou receitas. Lembro-me com muita tristeza, que haviam pacientes que alegavam que sua doença, era fome, quantas vezes, os encaminhei para o Serviço Social daquela unidade, outros com problemas de distúrbios de comportamento, que eram encaminhados para um psicólogo.

Na medicina atual, aos poucos a pessoa foi reduzida a condição de doente. Não mais interessa sua vida, sua história, sua situação psicológica e social, apenas os sintomas relatados no momento da consulta.

A anamnese passou a ser limitada aos dados da doença relatada. A alteração biológica passou a ser tudo.

Foram deixados de lado, os princípios médicos, a qualidade do serviço, para atender volume, quantidade de pessoas. Profissão em que seus membros são acuados pela violência, e afrontados por salários incapazes de propiciar uma vida digna.

Na minha época de estudante, aprendíamos que exames serviam para confirmar ou não o diagnóstico, e quantificar alguns parâmetros. Hoje, isso está sendo esquecido.

Médicos se sentem oprimidos em relação ao tempo que podem dispensar a uma consulta e perderam o espírito crítico em relação ao valor da anamnese, e sua relação com o paciente ficou mais distante.

Necessário se faz, formar médicos especialistas em gente, que usem do humanismo, da ética e da competência em suas ações como verdadeiros discípulos de Hipócrates. Colocando como bússola a sua boa relação com o paciente.

Na disciplina que leciono, Propedêutica Médica, a presença do aluno diante do paciente é fundamental, pois, além de manter uma boa relação com o paciente, colher uma história clínica bem detalhada, aprender a examinar os pacientes, exige os sentidos da visão (inspeção), do toque (palpação) e da audição (percussão e ausculta). É bom recordar, que a maioria dos problemas médicos pode ser resolvida por uma avaliação clínica cuidadosa, que deve sempre pautar pela importância da relação médico-paciente no exame clí

One thought on “A CRÔNICA de Jorge Luiz Soares Melo

  • 29 de março de 2021 em 19:37
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    Muito bom. As pessoas precisam de médicos que tenham tempo de ouvi-las e examiná-las detalhadamente. Principalmente na emergência, em muitos casos o médico sequer olha para o paciente. É preciso também dar ao médico condições para que ele possa prestar um bom atendimento.

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