A CRÔNICA de Jorge Luiz Soares Melo “ENVELHECIMENTO CRONOLÓGICO X ENVELHECIMENTO FUNCIONAL”
ENVELHECIMENTO CRONOLÓGICO X ENVELHECIMENTO FUNCIONAL
Caríssimos leitores, nesse artigo, vamos fazer uma comparação entre o envelhecimento cronológico e o envelhecimento funcional como impacto para a autonomia do idoso.
O conceito de capacidade funcional é particularmente útil no contexto do envelhecimento. Envelhecer mantendo todas as funções não significa problema quer para o indivíduo ou para a comunidade; quando as funções começam a deteriorar é que os problemas começam a surgir.
Na velhice a manutenção da autonomia está intimamente ligada à qualidade de vida. Portanto, uma forma de se procurar quantificar a qualidade de um indivíduo é através do grau de autonomia com que o mesmo desempenha as funções do dia a dia que o fazem independente dentro do seu contexto sócio-econômico-cultural.
Sob o ponto de vista prático, há várias formas de se medir tais funções- fundamentalmente através do desempenho de atividades diárias: por exemplo, a autonomia de um idoso que viva em uma grande cidade de um país desenvolvido pode ser medida através da capacidade, de cuidar de si próprio ou seja, higiene pessoal, preparo de refeições, capacidade de fazer suas próprias compras, manutenção básica da casa e outras.
Já para um idoso que vive em uma zona rural dum país subdesenvolvido, autonomia pode significar algo muito mais complexo – por exemplo, capacidade de realizar trabalho físico pesado na lavoura.
Nesse sentido, portanto, o conceito de envelhecimento cronológico passa a ser de relevância muito menor do que o conceito de envelhecimento funcional. As dificuldades em operacionalizar tal conceito, são, naturalmente, inúmeras.
No entanto, sob o ponto de vista de planejamento, a abordagem funcional é a mais importante e, consequentemente, uma área de crescente interesse para pesquisa.
É bom ressaltar que, em decorrência das precárias condições de vida nos países subdesenvolvidos, o envelhecimento funcional precede o cronológico e muitas vezes é bastante precoce.
Um operário que passa vinte ou trinta anos trabalhando em condições ambientais adversas, desempenhando atividades físicas muito além de sua própria força, desnutrido, sem condições adequadas de lazer, enfrentando todo o estresse de uma grande cidade do terceiro mundo, com condições de moradia inadequadas e submetendo-se a várias horas por semana a sistemas de transporte urbano totalmente impróprio, tal operário, ao chegar aos cinquenta anos, já está funcionalmente envelhecido.
O mesmo se pode dizer de uma mulher aos quarenta anos após dez, quinze gestações a termo, longos períodos de lactação sem estar bem alimentada, sem descanso na incessante tarefa de cuidar dos filhos, da casa e, muitas vezes com có-responsabilidades financeiras na família.
Nos países sub-desenvolvidos, o envelhecimento pode preceder em muito a barreira dos sessenta ou setenta e cinco anos.