A CRÔNICA de Jorge Luiz Soares Melo “OSWALDO CRUZ: A DIMENSÃO HUMANA DE UM SANITARISTA”

Jorge Luiz Soares Melo, é Médico e Membro Efetivo da Academia Alagoana de Letras

OSWALDO CRUZ: A DIMENSÃO HUMANA DE UM SANITARISTA

Caríssimos leitores, nesse artigo, vamos relatar os traços biográficos do pioneiro no estudo das doenças tropicais no Brasil, mostrando sua faceta mais íntima e a relação amorosa com sua família.

Oswaldo Gonçalves Cruz, foi um médico brasileiro, sanitarista, especialista em bacteriologia e epidemiologia.  Responsável direto pelo combate efetivo à malária, erradicação da peste bubônica, da febre amarela e da varíola no país.

Oswaldo Cruz, nasceu em São Luiz de Paratininga, no estado de São Paulo, no dia 5 de agosto de 1872. Filho de Bento Gonçalves Cruz, médico carioca e de Amélia Bulhões da Cruz. Em 1877, mudou-se para o Rio de Janeiro.

Pesquisando, vou citar algumas particularidades na vida pessoal desse grande sanitarista. Uma exposição de cartas no ano de 2019, no Centro Cultural do Rio de Janeiro, revelou o homem por trás da figura pública que me influenciou e influenciou uma geração de médicos e pesquisadores brasileiros.

Nas mais de 340 correspondências sob a guarda da Casa Oswaldo Cruz (COC/ FIOCRUZ), recebidas e enviadas entre 1889 e 1917, quando veio a falecer aos 44 anos, é possível concluir que, o sanitarista era um pai amoroso e zeloso, um marido romântico e espirituoso, um viajante fascinado pela modernidade das metrópoles europeias e norte americanas, um homem que não hesitava em expor seus mais profundos sentimentos. Sua principal interlocutora era a sua amada esposa, Emília da Fonsceca, a quem carinhosamente chamava de Miloca ou Miloquinha. Certa vez, afirmou: “ Minha querida noiva, tu e meu bom pai são as estrelas que me guiam através dessa vida. Ele com conselhos sábios e edificante exemplo, e tu, minha amada e idolatrada Miloca, com os teus carinhos e com o teu puro e santo amor ”, escrevia em 18 de abril de 1891.

Oswaldo Cruz, era romântico e não escondia a impaciência para receber resposta da amada, a quem escrevia quase que diariamente, quando estava viajando.  ‘ Este sofrimento moral que vocês estão me fazendo passar aniquila-me por completo”, disse ele.

Nas correspondências estão testemunhas das longas viagens do cientista pelo Brasil, Europa e América do Norte.

Oswaldo Cruz começou a trabalhar no laboratório de bacteriologia na cadeira de higiene da Faculdade de Medicina. Após a morte do pai, acumulou a chefia da Clínica.

Em 1892, defendeu brilhantemente sua tese: “ Veiculação microbiana pelas aguas do Rio de Janeiro”. Em 1903, tomou posse, como diretor geral de Saúde Pública, assumiu a tarefa de sanear os portos marítimos e fluviais do país. Em 1905, realizou uma longa expedição rumo ao norte do país, cobrindo 22 portos, desde o Rio de Janeiro até Manaus. Em 1910, retornou a região Amazônica para realizar com êxito a profilaxia da malária, doença que dizimava trabalhadores envolvidos na construção da estrada Madeira Mamoré. Ainda, se deslocou até Belém para debelar a febre amarela. Comandou com sucesso, o saneamento do vale amazônico.

Em 1911, em Dresden na Alemanha, na Exposição Internacional de Higiene, confere um diploma de honra ao mérito ao Instituto Oswaldo Cruz. Autor de cerca de 50 trabalhos científicos, foi com justiça e méritos incontestáveis, eleito para a Academia Brasileira de Letras para a cadeira número 5. Oswaldo Cruz, já debilitado, veio a falecer por insuficiência renal, em 11 de fevereiro de 1917, deixando um legado de humanismo, ética e competência, para todos os sanitaristas do Brasil e do Mundo.

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