CRÔNICA de Jorge Luiz Soares Melo “CENTENÁRIO DE ANILDA LEÃO”

Autor: Jorge Luiz Soares Melo é Membro Efetivo da Academia Alagoana de Letras.

Sempre é bom recordar de pessoas que deixaram um legado de luta para sua gente e em especial para as mulheres da nossa amada Alagoas. Mulher guerreira, de fibra e que foi em vida, uma brilhante escritora e uma poetisa de escol.

A conheci, lá pelas bandas dos anos sessenta, em uma das reuniões de alunos, pais e mestres no Colégio Marista de Maceió, eu estudava com seu filho, Carlos Alberto Leão Moliterno, um dos sapientes alunos do colégio, um distinto amigo. Nas reuniões, já observava a sua liderança em defesa de um ensino de qualidade. Resolvi, escrever sobre essa mulher que marcou época na vida dos alagoanos.

ANILDA LEÃO, nasceu em 15 de julho de 1923, filha de Joaquim Barros Leão e Georgina de Barros Leão. Seu pai era um respeitado comerciante em Maceió, além de ser uma liderança, elegeu-se deputado e foi indicado prefeito da capital, durante o governo de Arnon de Mello. Casou-se com Carlos Alberto Moliterno, dessa união, vieram dois filhos, Luciana e Carlos Alberto. Estudou o curso primário no Colégio Imaculada Conceição. Iniciou o curso ginasial no Liceu Alagoano, transferiu-se para a Escola Técnica Federal de Alagoas, na década de 1940, formou-se em Ciências Contábeis. Estudou música, declamação e oratória, dicção, canto oral e lírico no então Conservatório Alagoano de Música.

Era uma mulher que estava além do seu tempo, seus escritos eram considerados tabus, tais como: virgindade, homossexualismo e prostituição. Foi uma escritora, poetisa, militante feminista, atriz e cantora alagoana. Escreveu diversos livros e vários artigos nos jornais do estado de Alagoas, tais como: no extinto Jornal de Alagoas e no Jornal Gazeta de Alagoas. Também escreveu para várias revistas da época: Caetés e Mocidade.

Em 1950, em um dos eventos organizados pela Federação Alagoana pelo progresso feminino, apresentou-se como cantora. Em 1963, participou do Congresso Mundial de mulheres em Moscou, como representante da Federação, onde, por sua incontestável liderança chegou a presidência da entidade.  Em 1953, casou com o jornalista e escritor, Carlos Moliterno, que era desquitado e naquela época não existia divórcio no Brasil, esse acontecimento, chocou a sociedade alagoana.

ANILDA LEÃO, começou a escrever poemas, poesias e sonetos aos treze anos de idade. Uma poetisa que encantava com seus belos escritos, apesar de ser ainda uma criança.

Em 1961, incentivada pelo marido, Carlos Moliterno, publicou seu primeiro livro, Chão de Pedras. Em 1973, conquistou o Prêmio Graciliano Ramos, com o livro Riacho Seco, que era um volume de contos, esse prêmio foi outorgado pela Academia Alagoana de Letras. Era também, uma brilhante atriz e trabalhou nos seriados, Lampião e Maria Bonita, como também, em órfãos da terra, isso, lá pelas bandas dos anos setenta. Em 1984, participou como atriz nos filmes:  “ Byby” Brasil e Memórias do Cárcere. Em 2002, participou do filme: Deus é brasileiro”. Participou ainda, do filme: ” Tana’sTake”, de Almir Guilhermino.

Escreveu inúmeras produções literárias, tais como:chuvas de verão, livro de poesias, poemas marcados, de poesias, riacho Seco, de contos, círculo mágico, de poesias, olhos convexos, de crônicas, “eu” em trânsito, livro de memórias e autora de vários sonetos que a transformaram em uma escritora plena, com poemas, poesias, sonetos e crônicas. No teatro, interpretou brilhantemente, os papéis nas peças: bossa nordeste e onde canta o sabiá.

Para a tristeza dos alagoanos, ANILDA LEÃO, nos deixou para a eternidade dos céus, no dia 06 de janeiro de 2012, portanto, a 11 anos atrás, deixando saudades,vítima de uma infeção generalizada, após ter sofrido uma queda, com fratura do fêmur.

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