CRÔNICA de Jorge Luiz Soares Melo “REVOLTA POPULAR: O MOVIMENTO DOS CABANOS”
Caros leitores, no artigo de hoje, vou me deter um pouco sobre uma revolta popular e social ocorrida durante o Império do Brasil, sob a Regência de Diogo Antônio Feijó, ocorrida entre os anos de 1836 a 1840, influenciada pela revolução Francesa na antiga Província do Grão-Pará, que abrangia os atuais estados do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Rondônia, comandada por Félix Clemente Malcher, Antônio Vinagre, Francisco Pedro Vinagre, Eduardo Angelim e Vicente Ferreira de Paula.
Segundo os historiadores, o movimento dos cabanos contou com a participação da elite agrária e de comerciantes da região, que se sentiam prejudicados pelo governo brasileiro por privilegiar os comerciantes portugueses da região, deixando de lado as necessidades dos comerciantes brasileiros. Além do mais, o governo do Império, cobrava uma excessiva carga de impostos dos habitantes e comerciantes da região. E o governo da província, seguia à risca, orientações do governo imperial, agia com força, prisões e até violência contra qualquer tipo de manifestação social e política, contrário ao governo regencial.
Os desejos dos participantes era conquistar mais autonomia política e melhores condições de vida. Na terra do atual Pará já houve muitas lutas contra as injustiças sociais. Segundo os historiadores, nessa região, seus belos rios não foram “margens plácidas” na independência do Brasil: naquela região, ela só foi consolidada há duzentos anos. A revolta dos “3 mil” contra o governo da província que havia aderido a Dom Pedro I só terminou com o massacre de 256 presos no porão do navio “Palhaço”.
Mas, as raízes da revolta continuaram, com a extrema miséria de grande parte da população da região. Tanto que, a partir de janeiro de 1835 ocorreu a mais intensa insurreição popular do Império, esse movimento dos cabanos, negros, indígenas, e pobres em geral, moradores de precárias choupanas “os cabanos” chegaram a constituir governos populares.
Esse movimento popular teve seu início na província e o seu principal autor, foi o cônego, jornalista e advogado João Batista Gonçalves Campos, ou simplesmente Batista Campos, como ficou conhecido. Segundo os historiadores, ele foi o principal mentor intelectual do movimento revoltoso, sobretudo a partir de suas diversas publicações no primeiro periódico da província.
Os revoltosos pretendiam obter a independência da província do Grão-Pará em relação ao Império Brasileiro. Já a população mais pobre da província, lutou bravamente para conquistar melhores condições de vida, pois pretendiam sair da extrema pobreza.
Caríssimos leitores, vale lembrar que esta revolta popular, ocorreu no Período Regencial, fase de muita instabilidade política gerada pela abdicação de Dom Pedro I em 1831, quando seu sucessor tinha apenas 5 anos de idade. Nessa época aconteceram muitas revoltas no Brasil.
O movimento dos cabanos, sob forte repressão, só veio a cessar definitivamente em 1840 e teve como principais consequências: O enfraquecimento econômico da região do Grão-Pará e um saldo negativo de 35 mil mortos e a fuga de muitos moradores da região. Fortalecimento do Governo Imperial de Dom Pedro II, já com assento no poder e a consequente criação da Província do Amazonas em 1850.