História da F1 – Jules Bianchi
Há cinco anos, Jules Bianchi sofreu em Suzuka acidente que o levaria à morte nove meses depois
Em corrida disputada sob muita chuva, francês bateu com a cabeça em trator que retirava carro de Adrian Sutil; na pista, Lewis Hamilton venceu duelo acirrado com Nico Rosberg
A Fórmula 1 viveu um de seus dias mais tristes nas últimas décadas há cinco anos: no dia 5 de outubro de 2014, o francês Jules Bianchi sofreu um violento acidente no circuito de Suzuka, no Japão, ao atingir um trator que retirava o carro de Adrian Sutil; na batida, a cabeça do francês se chocou diretamente com o trator, e o piloto da Marussia ficou em coma por oito meses até morrer em julho do ano seguinte devido a lesões cerebrais.
Foto: Getty Images
A tragédia, como de costume, gerou discussões a respeito da segurança na Fórmula 1, principalmente em relação aos procedimentos adotados. Muitos consideraram que a corrida, no mínimo, deveria ter sido neutralizada com a entrada do safety car por causa do acidente de Sutil, enquanto outros apontaram que a prova já deveria ter sido encerrada por falta de visibilidade devido à chuva.
Safety car conduz pilotos no chuvoso GP do Japão de 2014 — Foto: Getty Images
O GP do Japão de 2014 era a 15ª de 19 etapas de um campeonato inteiramente dominado pela Mercedes. Lewis Hamilton somava 241 pontos contra 238 do companheiro de equipe Nico Rosberg. Nos treinos em Suzuka, foi o alemão quem fez a pole position à frente de Hamilton. A corrida prometia mais um duelo acirrado entre os dois.
Existia a previsão de chuva forte para o dia da corrida, e, de fato, isso aconteceu. Os carros largaram atrás do safety car, mas depois de apenas duas voltas, a bandeira vermelha foi agitada. As condições eram péssimas. Depois de longa interrupção, relargada de novo atrás do safety car e mais sete voltas sob bandeira amarela antes de finalmente as disputas serem liberadas.
GP do Japão 2014 Lewis Hamilton NIco Rosberg — Foto: Getty Images
Mesmo na pista molhada, o que poderia equilibrar as disputas, os dois pilotos da Mercedes dispararam na frente e fizeram uma corrida à parte. Hamilton sempre se manteve próximo de Rosberg, mas não conseguiu fazer o “overcut” na primeira rodada de pit stops.
Aos poucos, a pista melhorou um pouco e, na segunda troca de pneus, os pilotos passaram a usar pneus intermediários. A direção de prova liberou o uso da asa móvel, e Hamilton aproveitou para usá-la na 29ª volta e ultrapassar Rosberg no fim da reta dos boxes.
Hamilton à frente de Rosberg durante o GP do Japão de 2014 — Foto: Getty Images
Hamilton imediatamente despachou Rosberg e começou a abrir vantagem. Sem um grande rendimento com os pneus intermediários, o alemão segurou o segundo lugar, até porque Sebastian Vettel, Jenson Button e Daniel Ricciardo estavam muito atrás.
A partir da 40ª volta, a chuva voltou a cair com força, e como já estava no fim da tarde em Suzuka, a luz natural já começava a cair. Começou então um jogo de xadrez entre Hamilton e Rosberg, já que quem parasse nos boxes e colocasse pneus de chuva intensa perderia terreno que poderia ser decisivo, já que faltavam apenas 13 voltas.
No GP do Japão de 2014, Adrian Sutil bateu, e trator entrou para retirar carro — Foto: Getty Images
Na volta 42, Adrian Sutil perdeu o carro na veloz curva Dunlop à esquerda e bateu na proteção de pneus. Não foi uma batida das mais violentas, e rapidamente o alemão deixou o carro da Sauber. A bandeira amarela foi agitada apenas no local, e a corrida prosseguiu. Na volta seguinte, foi a vez de Jules Bianchi rodar e sair da pista. Infelizmente o carro foi em direção ao trator que retirava o carro de Sutil.
A pancada na cabeça de Bianchi foi fatal. A transmissão de TV não mostrou o acidente, e quando a bandeira vermelha foi agitada, e a corrida, encerrada, muitos acharam que era por causa do aumento da chuva e da falta de visibilidade. Em alguns minutos, chegou aos boxes a informação de que Bianchi tinha se acidentado no mesmo local e sua situação era crítica.
Num pódio estranho e chocho, Hamilton, Rosberg e Vettel não sabiam muito o que fazer, já que as informações ainda eram meio desencontradas. O que tinha acontecido, afinal? Qual era o real estado de Bianchi?
Ainda no domingo foi confirmado que o francês havia sofrido uma “lesão axonal difusa”, o que era gravíssimo. As esperanças de salvação ou de uma recuperação plena eram ínfimas. Bianchi estava em coma e poderia jamais voltar a acordar.
Nos dias seguintes, Felipe Massa criticou duramente a não paralisação da corrida, dado que ele já havia reclamado pelo rádio que a visibilidade era péssima. Diretor de provas, Charlie Whiting alegou que todos os procedimentos de segurança foram normais e que Bianchi estaria andando numa velocidade acima do recomendado naquelas circunstâncias, com a bandeira amarela localizada.
Nascido em 3 de agosto de 1989, Jules Bianchi foi transferido para a França e morreu no dia 17 de julho de 2015, num hospital na sua cidade natal, Nice. A Fórmula 1 perdia um de seus mais promissores pilotos nos últimos anos.
Jules Bianchi não resistiu aos ferimentos de um acidente em 2014 — Foto: Getty Images
Por: Por Fred Sabino