Vídeo do poema – Interpretado pelo ator Chico de Assis

Poema: Indigestão

Estou amarga, azeda e endurecida de novo.
Mais ferida que nunca, enfurecida!
Desalmada de tanto à alma sentí-la.
A ferida cicatriza e congela marcas do amor vivido sozinho.
O coração desconsidera que o amor é vivido a dois.
Mereço o quê? Nada.
Jamais mereci e jamais obtive.
Tudo tolice, do terno bem passado ao salto alto.
Da pintura às unhas dos pés.
Gato escaldado não torce o rabo nem come a carne. E com detalhe perco-me nas horas.
Transmuto os dias vazios, aguçados pelos sentidos, em memórias que poderiam ser apenas traços da velhice mas que são suspeitas de má digestão.
Toda a comida guardada na pele são receituários para as emoções.
Coisas mal vividas, guardadas sem pretensão.
Porta fechada ao entrar, bati na campainha duas vezes…mas me perdi na saída, sempre me perco.
Autora: Martha Brandão

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